Documentos obtidos com exclusividade pelo Jornal Nacional revelam que o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, foi alertado ainda em junho de 2023 sobre o crescimento alarmante de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões do INSS. No entanto, levou quase um ano para que as primeiras medidas concretas fossem tomadas. Nesse período de inércia, o volume de descontos irregulares triplicou, gerando prejuízos que podem ultraar R$ 6 bilhões.
As informações constam nas atas de 23 reuniões do Conselho Nacional da Previdência Social — órgão presidido por Lupi e que reúne representantes da cúpula do ministério, do INSS, associações de aposentados, sindicatos e entidades patronais.
No dia 12 de junho de 2023, a conselheira Tonia Galleti solicitou formalmente que fosse incluída na pauta a discussão sobre os acordos de cooperação técnica (ACTs), usados pelas associações para realizar descontos diretamente dos benefícios. A pauta, no entanto, foi rejeitada por Carlos Lupi sob a justificativa de que “não havia condições de análise imediata”.
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Apesar de reconhecer a importância do tema e prometer o debate para a reunião seguinte, em julho de 2023, o assunto mais uma vez foi ignorado. As primeiras ações efetivas do INSS para frear os golpes só surgiram em março de 2024, quando novas regras para descontos foram publicadas — justamente após o caso já estar sob investigação da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo auditoria da CGU, o volume de descontos suspeitos alcançou a marca de R$ 250 milhões por mês em menos de um ano. Investigadores apuram que onze associações realizavam descontos indevidos, sem a autorização dos aposentados e pensionistas, burlando as normas do INSS.
As fraudes só começaram a ser efetivamente interrompidas agora, em abril de 2025, após a deflagração de uma operação conjunta da Polícia Federal e da CGU, que resultou no descredenciamento de associações suspeitas.
Procurado, o ministro Carlos Lupi confirmou que o alerta sobre as fraudes foi apresentado em junho de 2023 e afirmou, por meio de mensagem, que o INSS iniciou a revisão das normas a partir daquela data. Segundo ele, as mudanças teriam sido concluídas em março do ano ado com a publicação de uma instrução normativa — mesmo que, na prática, os descontos ilegais tenham persistido até as ações da PF e da CGU.
O escândalo expõe graves falhas de gestão e controle no Ministério da Previdência Social, e coloca o ministro Carlos Lupi sob pressão no governo e no Congresso Nacional.
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